A juventude da Europa e do Brasil tem demonstrado um crescente desinteresse pelo trabalho tradicional. No Brasil, muitos jovens nem trabalham nem estudam, formando a geração conhecida como nem-nem. Mas será justo rotular essa população como desinteressada em construir uma carreira?
A realidade é complexa. A ideia de dedicar a vida a um único emprego, que um dia foi um símbolo de estabilidade e sucesso, agora parece ultrapassada para muitos jovens.
Dados do governo brasileiro revelam uma tendência chamada “job hopping”, onde jovens com menos de 25 anos mudam de emprego frequentemente em busca de equilíbrio e qualidade de vida. Aproximadamente 25% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos permanecem menos de três meses no mesmo trabalho.
Mas essa mudança de comportamento não é apenas uma escolha pessoal. Muitos jovens brasileiros enfrentam vulnerabilidades sociais e econômicas que dificultam o acesso ao mercado de trabalho formal.
Entre os nem-nem, 61,2% são pobres e 63,4% são mulheres, muitas delas negras ou pardas. Essa desigualdade é reforçada pelas responsabilidades domésticas que não são reconhecidas como trabalho formal, especialmente para as mulheres.
No contexto europeu, o cenário é similar, mas em menor escala. Na União Europeia, cerca de 11,2% dos jovens entre 15 e 29 anos estão desempregados e fora da educação formal. Na Alemanha, esse número é ainda menor, cerca de 9%.
Quais são os desafios enfrentados pelos jovens?
No Brasil, os jovens enfrentam um conjunto de estigmas relacionados à classe social, raça e gênero. A desigualdade histórica torna difícil para muitos jovens sair da condição de nem-nem. Esses jovens são frequentemente vistos como desmotivados, mas na verdade, enfrentam barreiras estruturais significativas.
Muitos jovens, especialmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, têm menos acesso ao mercado de trabalho e enfrentam maiores desafios econômicos.
A precariedade do emprego, como trabalhos de entrega por aplicativos, oferece pouca segurança e direitos trabalhistas, expondo os jovens a riscos e instabilidade.
A necessidade de políticas públicas
Para resolver essas questões, é fundamental investir em políticas públicas que promovam a educação integral, o ensino vocacional e a igualdade de gênero e racial.
Essas políticas devem incentivar a distribuição de renda e a aquisição de novas qualificações, ajudando os jovens a encontrar oportunidades de trabalho significativas e estáveis.
A geração Zoomer está redefinindo o conceito de carreira, buscando um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Para apoiar essa mudança, é necessário um esforço conjunto entre governos, empresas e sociedade para criar um ambiente de trabalho mais inclusivo e equitativo.
Fonte: DW Brasil