Renato Russo foi um cantor, compositor e músico brasileiro, conhecido por ser o líder da banda de rock Legião Urbana, uma das mais importantes e influentes da história da música nacional. Com sua voz marcante, suas letras poéticas e suas melodias envolventes, Renato Russo conquistou milhões de fãs em todo o Brasil, e deixou um legado inestimável para a cultura e para a sociedade.
Infância e juventude
Renato Russo nasceu em 27 de março de 1960, no Rio de Janeiro, com o nome de Renato Manfredini Júnior. Ele era filho de Renato Manfredini, um economista que trabalhava no Banco do Brasil, e de Maria do Carmo Manfredini, uma professora de inglês. Ele tinha ascendência italiana, irlandesa e pernambucana, e foi criado na religião zoroastriana, uma fé antiga que venera o fogo e o bem.
Quando tinha seis anos, Renato se mudou com sua família para Nova York, onde seu pai foi transferido. Lá, ele teve contato com a cultura e a música americana, que o influenciariam em sua carreira. Ele voltou ao Brasil dois anos depois, e se mudou para Brasília em 1973, onde terminou o ensino médio e ingressou na faculdade de jornalismo.
Aos 15 anos, Renato foi diagnosticado com uma doença óssea rara, chamada epifisiólise, que o obrigou a ficar seis meses na cama, após uma cirurgia na bacia. Nesse período, ele se dedicou a ouvir música, ler livros e escrever letras e poemas. Ele também aprendeu a tocar violão e piano, e começou a se interessar pelo punk rock, um gênero musical que surgiu na Inglaterra e nos Estados Unidos, e que expressava a rebeldia e a insatisfação da juventude.
O início do Legião Urbana
Em 1978, Renato conheceu Fê Lemos e André Pretorius, dois músicos que também gostavam de punk rock. Eles formaram uma banda chamada Aborto Elétrico, que se tornou uma das pioneiras do movimento que ficou conhecido como rock de Brasília. A banda fazia shows em bares, festas e festivais, e tocava músicas próprias, como “Que País é Esse”, “Veraneio Vascaína” e “Tédio”. No entanto, a banda se desfez em 1982, por causa de desentendimentos entre Renato e Fê.
Renato então se juntou a Marcelo Bonfá, um baterista que também tinha saído do Aborto Elétrico, e formou uma nova banda, chamada Legião Urbana. O nome foi inspirado em uma legião de soldados romanos que se rebelou contra o império. A banda contou com a participação de vários músicos, até se estabilizar com a entrada de Dado Villa-Lobos, na guitarra, e Renato Rocha, no baixo, em 1983.
O Legião Urbana gravou sua primeira demo em 1983, com quatro músicas: “Será”, “Ainda é Cedo”, “Geração Coca-Cola” e “A Dança”. A fita chegou às mãos de Carlos Alberto Sion, um produtor da gravadora EMI, que se interessou pela banda e a contratou. Em 1984, o Legião Urbana lançou seu primeiro álbum, chamado simplesmente Legião Urbana, que foi um sucesso de vendas e de crítica.
O disco continha músicas que se tornaram clássicas, como “Será”, “Geração Coca-Cola”, “Por Enquanto” e “Soldados”. O disco também mostrou o estilo único de Renato como compositor, que criava letras que retratavam a realidade, os sentimentos e as angústias da juventude brasileira.
O sucesso nacional e a consagração como ícone do rock
O segundo álbum do Legião Urbana, Dois, lançado em 1986, foi o que consagrou a banda como uma das mais importantes e populares do rock brasileiro. O disco vendeu mais de um milhão de cópias, e trouxe músicas que se tornaram hinos, como “Eduardo e Mônica”, “Tempo Perdido”, “Índios” e “Quase Sem Querer”. O disco também revelou a versatilidade do Legião Urbana, que transitava por vários gêneros musicais, como rock, pop, folk e blues. O disco também mostrou a evolução de Renato como cantor, que usava sua voz de forma expressiva e emocionante.
O terceiro álbum do Legião Urbana, Que País é Esse, lançado em 1987, foi o mais politizado e contestador da banda. O disco continha músicas que denunciavam a corrupção, a violência, a desigualdade e a falta de perspectiva no Brasil, como “Que País é Esse”, “Faroeste Caboclo” e “Angra dos Reis”. O disco também tinha músicas mais intimistas e românticas, como “Eu Sei” e “Mais do Mesmo”. O disco foi outro sucesso de vendas e de crítica, e consolidou o Legião Urbana como uma das vozes mais relevantes da sociedade brasileira.
O Legião Urbana continuou lançando álbuns de sucesso nos anos seguintes, como As Quatro Estações (1989), V (1991), O Descobrimento do Brasil (1993) e A Tempestade (1996). Esses discos continham músicas que se tornaram clássicas, como “Pais e Filhos”, “Há Tempos”, “Perfeição”, “Vento no Litoral” e “Metal Contra as Nuvens”. Eles também fizeram turnês pelo Brasil, lotando estádios e ginásios, e participando de festivais, como o Hollywood Rock, em 1990, e o Acústico MTV, em 1992. Eles também participaram de projetos sociais, como o Natal sem Fome, em 1993, e o Criança Esperança, em 1995.
A carreira solo e a revelação da doença
Além do seu trabalho com o Legião Urbana, Renato Russo também lançou alguns projetos solo, como o álbum The Stonewall Celebration Concert (1994), que era uma homenagem ao movimento LGBT, e o álbum Equilíbrio Distante (1995), que era composto por versões de canções italianas. Ele também gravou algumas músicas com outros artistas, como Herbert Vianna, Cássia Eller, Paulo Ricardo e Erasmo Carlos.
Em 1995, Renato Russo revelou em uma entrevista que era portador do vírus da AIDS, uma doença que na época era considerada uma sentença de morte, e que afetava principalmente a comunidade gay. Renato disse que se infectou com o vírus em 1989, após uma relação sexual sem proteção com um desconhecido. Ele disse que decidiu tornar pública sua doença para alertar as pessoas sobre os riscos e a prevenção da AIDS. Ele também disse que estava fazendo tratamento e que se sentia bem.
Renato continuou sua carreira, e gravou seu último álbum com o Legião Urbana, A Tempestade, que foi lançado em 1996. O disco continha músicas que refletiam sua situação, como ‘A Via Láctea’, ‘Música de Trabalho’ e ‘La Maison Dieu’.
A morte precoce e o legado
Renato Russo continuou sua carreira, e gravou seu último álbum com o Legião Urbana, A Tempestade, que foi lançado em 1996. O disco continha músicas que refletiam sua situação, como “A Via Láctea”, “Música de Trabalho” e “La Maison Dieu”. Ele também gravou algumas canções que seriam lançadas postumamente, como “Mais Uma Vez” e “Antes das Seis”.
Em 11 de outubro de 1996, Renato Russo morreu em seu apartamento no Rio de Janeiro, aos 36 anos, vítima de uma parada cardíaca, causada por complicações da AIDS. Ele foi velado na Câmara Legislativa do Distrito Federal, em Brasília, onde recebeu as últimas homenagens de milhares de fãs. Ele foi cremado e suas cinzas foram espalhadas no Parque da Cidade, em Brasília, onde ele costumava passear. Ele deixou um filho, Giuliano Manfredini, fruto de uma relação com uma amiga, que nasceu em 1989.
A morte de Renato Russo causou comoção nacional, e milhões de fãs lamentaram a perda de um dos maiores nomes da música brasileira. Ele também recebeu diversas homenagens de outros artistas, como Capital Inicial, Paralamas do Sucesso, Nando Reis e Marisa Monte, que regravaram suas músicas ou participaram de tributos em sua memória. Ele também foi tema de livros, documentários, filmes e musicais, que contaram sua história e sua obra. Ele também foi incluído no Hall da Fama do Rock Brasileiro, em 2017, e recebeu uma estátua em sua homenagem, em Brasília, em 2019.
Renato Russo deixou um legado inestimável para a música e para a cultura brasileira, que permanece vivo e relevante até hoje. Ele foi um dos maiores cantores de todos os tempos, que encantou o Brasil com sua voz e sua poesia. Ele também foi um dos maiores compositores de todos os tempos, que criou canções que se tornaram clássicas e que retratam a realidade, os sentimentos e as angústias do povo brasileiro. Ele também foi um dos primeiros artistas a assumir publicamente sua bissexualidade, e se tornou um símbolo da luta contra a AIDS, doença que ainda afeta milhões de pessoas no mundo. Ele também foi um dos principais ícones do rock brasileiro, que influenciou gerações de músicos e admiradores.
Assista a notícia da morte de Renato Russo na TV: