2 de fevereiro é Dia de Iemanjá, descubra Significado e Rituais

Matheus Felipe
5 min
2 de fevereiro é Dia de Iemanjá, descubra Significado e Rituais
Foto: Reprodução/O Petróleo

O 2 de fevereiro é uma data reverenciada em várias partes do Brasil em honra à divindade africana Iemanjá, também conhecida como “Rainha do Mar“. Maria Bethânia, ao interpretar a canção “Iemanjá Rainha do Mar“, expressa essa conexão em versos significativos: “Qual é seu dia, Nossa Senhora? É dia 2 de fevereiro, quando, na beira da praia, eu vou me abençoar”.

A data destacada pela artista é marcada por uma celebração notável nas praias brasileiras, onde devotos, vestindo branco, se reúnem desde as primeiras horas do dia para louvar Iemanjá.

Essa homenagem inclui uma combinação vibrante de rituais, cânticos e oferendas, congregando seguidores da umbanda, candomblé e simpatizantes para lançar oferendas marítimas, expressando pedidos e agradecimentos à divindade do panteão iorubá.

2 de fevereiro é Dia de Iemanjá
Foto: Reprodução/X/OrixaEncantado

2 de fevereiro e o sincretismo religioso

A escolha da data para homenagear Iemanjá não é unânime no país, variando de região para região. Essas divergências estão associadas ao “sincretismo religioso“, uma prática que mescla elementos de diferentes tradições religiosas, resultando em uma síntese de crenças, rituais e valores.

Alexandre Meireles, babalorixá e dirigente do terreiro de umbanda Círculo de Irradiações Espirituais São Lázaro em São Paulo, destaca que o sincretismo no Brasil tem suas raízes sombrias na época da escravidão. Diante das proibições e torturas impostas à população negra, os praticantes encontraram maneiras de preservar suas tradições, mesclando-as com a liturgia católica para evitar castigos.

Esse processo histórico, segundo Meireles, levou à associação das características de santos católicos aos orixás, inquices ou voduns, permitindo que os negros escravizados cultuassem suas divindades através de imagens dos santos. Essa prática estabeleceu uma conexão simbólica entre as tradições africanas e católicas, refletida nas datas de celebração aos orixás.

No Nordeste, por exemplo, o sincretismo liga o 2 de fevereiro ao dia de Nossa Senhora dos Navegantes no calendário católico, enquanto no Sudeste, a associação é com Nossa Senhora da Imaculada Conceição, celebrada em 8 de dezembro.

Embranquecimento e diversidade cultural

A representação visual de Iemanjá sofreu alterações significativas, especialmente devido à proximidade com figuras católicas. Em vários contextos culturais, a divindade é agora retratada como uma figura magra, branca e de cabelos lisos, ao contrário da representação original africana de uma figura negra e de formas largas.

Entretanto, em países africanos e nos terreiros brasileiros que não seguem o sincretismo, Iemanjá continua sendo representada de forma autêntica, mantendo suas características originais.

Tradição da roupa branca na virada do ano

A prática comum de passar a virada do ano na praia vestindo branco tem suas origens na primeira metade do século passado. Umbandistas, ao saudar Iemanjá, realizavam rituais nas praias vestidos de branco, oferecendo flores, champanhe e expressando seus desejos para um ano novo auspicioso. Essa tradição acabou se generalizando, tornando-se parte integrante das celebrações de ano novo no Brasil.

Odoyá: Rituais, Oferendas e Agradecimentos

Segundo a tradição iorubá, a grafia original da divindade é Yemanjá, mas no Brasil, o uso de “i” tornou-se mais comum. O Dia de Iemanjá, em 2 de fevereiro, é marcado por rituais especiais. O babalorixá Alexandre Meireles compartilha três rituais simples associados a esse dia:

  • Ritual com vasilha: Sete rosas brancas em uma vasilha com água e perfume, simbolizando harmonia familiar, limpeza energética e paz.
  • Ida ao mar: Se possível, colocar os pés na água, realizando orações e oferecendo rosas ou champanhe branca.
  • Vela, água e lua cheia: Uma vela sobre água pura, pedindo equilíbrio mental, harmonia familiar e amorosidade, deixando o objeto durante a noite para absorver as energias da lua cheia.

Esses rituais, além de promoverem a limpeza espiritual, visam atrair boas energias e fortalecer a conexão com a divindade.

Por fim, o Dia de Iemanjá, celebrado em 2 de fevereiro, transcende as fronteiras da religiosidade, representando uma expressão única da diversidade cultural brasileira.

Enraizada nas tradições africanas, moldada pelo sincretismo e celebrada com rituais, essa data reflete a espiritualidade e a reverência ao mar, destacando a rica tapeçaria das crenças e práticas no Brasil.

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