Como foi a inauguração do Cristo Redentor

Matheus Felipe
6 min
A inauguração do Cristo Redentor, em 12 de outubro de 1931
A inauguração do Cristo Redentor, em 12 de outubro de 1931 — Foto: Acervo Museu Aeroespacial

O Cristo Redentor é uma das maiores e mais famosas estátuas em estilo art déco do mundo, localizada no morro do Corcovado, a 710 metros de altitude, no Rio de Janeiro. A estátua tem 38 metros de altura e pesa 1.145 toneladas.

Foi inaugurada pelo presidente Getúlio Vargas (1882-1954) e por Pedro Ernesto (1884-1942), interventor do Distrito Federal, em 12 de outubro de 1931, após uma longa campanha de arrecadação de recursos e uma complexa obra de engenharia. Mas como surgiu a ideia de construir esse monumento que se tornou um dos mais importantes símbolos e pontos turísticos do Rio de Janeiro e do Brasil?

A origem do projeto

A ideia de erigir um monumento religioso no alto do morro do Corcovado surgiu no século XIX, com o padre Pedro Maria Boss (?-1916), capelão do Colégio Imaculada Conceição, em Botafogo, que chegou ao Rio de Janeiro, em 1859. Ele queria homenagear a fé cristã com uma estátua do Sagrado Coração de Jesus, mas não conseguiu realizar seu sonho.

Em 1888, após a abolição da escravidão no Brasil, um grupo de abolicionistas quis homenagear a princesa Isabel (1846-1921), que assinou a Lei Áurea, com uma estátua no mesmo local. A princesa, porém, declinou da homenagem e sugeriu que fosse feita uma estátua do Cristo Redentor, “verdadeiro redentor dos homens”. Os viscondes de Mauá, Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), e de Santa Vitória, Manuel Afonso de Freitas Amorim (1831-1906), encomendaram o projeto e a execução de uma estátua de bronze do Sagrado Coração de Jesus, com 15 metros de altura, ao escultor francês Paul Landowski (1875-1961), mas o monumento nunca foi construído.

Isabel, Princesa do Brasil retrato, c. 1880
Isabel, Princesa do Brasil retrato, c. 1880 — Foto: Acervo FBN

A ideia só foi retomada no século XX, por iniciativa da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que organizou uma campanha de arrecadação de fundos para a construção de um monumento ao Cristo Redentor, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil, em 1922. A autorização para a obra foi concedida pelo ministro da Fazenda, Homero Baptista (1861-1924), em 1º de junho de 1922. Em setembro, foi realizada uma cerimônia no local onde o Cristo seria construído, com a presença de várias autoridades, e, em outubro, foi lançada a pedra fundamental da obra.

A escolha do projeto

Para escolher o projeto do monumento, foi realizado um concurso público, que contou com a participação de vários artistas brasileiros e estrangeiros. O vencedor foi o engenheiro brasileiro Heitor da Silva Costa (1873-1947), que propôs uma estátua do Cristo com os braços abertos, em sinal de acolhimento e bênção. Ele contou com a colaboração do escultor francês Paul Landowski, o mesmo que havia sido contratado pelos viscondes de Mauá, e do pintor brasileiro Carlos Oswald (1882-1971), que fez o desenho final da estátua.

O projeto de Heitor da Silva Costa previa uma estrutura interna de concreto armado, revestida por placas de pedra-sabão, material resistente à corrosão e à erosão. A estátua foi esculpida em partes, na França, e depois transportada para o Brasil, em navios. A montagem no alto do morro do Corcovado exigiu um grande esforço logístico, que envolveu o uso de bondinhos, guindastes e andaimes.

A inauguração do monumento

A obra do Cristo Redentor levou cerca de cinco anos para ser concluída, com um custo total de cerca de 2,5 milhões de réis, provenientes de doações de fiéis e de eventos beneficentes. A inauguração do monumento foi marcada para o dia 12 de outubro de 1931, data da festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

LTM(firma). Mon. A. Cristo Redemptor, 1935?
LTM(firma). Mon. A. Cristo Redemptor, 1935?. Rio de Janeiro, RJ — Foto: Acervo FBN

A cerimônia de inauguração contou com a presença do presidente Getúlio Vargas, do interventor Pedro Ernesto, do cardeal dom Sebastião Leme (1882-1942), arcebispo do Rio de Janeiro, e de outras autoridades civis, militares e eclesiásticas, além de uma multidão de fiéis. Foi celebrada uma missa campal, seguida de discursos e de uma bênção solene do monumento. O físico italiano Guglielmo Marconi (1874-1937), inventor do rádio, acionou, da Itália, os refletores que iluminaram a estátua pela primeira vez.

LTM (Firma). Rio de Janeiro : : Pan. da Vista Chinesa, 1935?. Rio de Janeiro, RJ
LTM (Firma). Rio de Janeiro : : Pan. da Vista Chinesa, 1935?. Rio de Janeiro, RJ — Foto: Acervo FBN

O Cristo Redentor foi saudado como uma obra de arte, de fé e de patriotismo, que simbolizava a união dos brasileiros e a proteção divina sobre a nação. Desde então, o monumento se tornou um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro e do Brasil, atraindo milhões de visitantes e sendo reconhecido como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, em 2007.

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Referências: brasilianafotografica

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