O Cristo Redentor é uma das maiores e mais famosas estátuas em estilo art déco do mundo, localizada no morro do Corcovado, a 710 metros de altitude, no Rio de Janeiro. A estátua tem 38 metros de altura e pesa 1.145 toneladas.
Foi inaugurada pelo presidente Getúlio Vargas (1882-1954) e por Pedro Ernesto (1884-1942), interventor do Distrito Federal, em 12 de outubro de 1931, após uma longa campanha de arrecadação de recursos e uma complexa obra de engenharia. Mas como surgiu a ideia de construir esse monumento que se tornou um dos mais importantes símbolos e pontos turísticos do Rio de Janeiro e do Brasil?
A origem do projeto
A ideia de erigir um monumento religioso no alto do morro do Corcovado surgiu no século XIX, com o padre Pedro Maria Boss (?-1916), capelão do Colégio Imaculada Conceição, em Botafogo, que chegou ao Rio de Janeiro, em 1859. Ele queria homenagear a fé cristã com uma estátua do Sagrado Coração de Jesus, mas não conseguiu realizar seu sonho.
Em 1888, após a abolição da escravidão no Brasil, um grupo de abolicionistas quis homenagear a princesa Isabel (1846-1921), que assinou a Lei Áurea, com uma estátua no mesmo local. A princesa, porém, declinou da homenagem e sugeriu que fosse feita uma estátua do Cristo Redentor, “verdadeiro redentor dos homens”. Os viscondes de Mauá, Irineu Evangelista de Souza (1813-1889), e de Santa Vitória, Manuel Afonso de Freitas Amorim (1831-1906), encomendaram o projeto e a execução de uma estátua de bronze do Sagrado Coração de Jesus, com 15 metros de altura, ao escultor francês Paul Landowski (1875-1961), mas o monumento nunca foi construído.
A ideia só foi retomada no século XX, por iniciativa da Arquidiocese do Rio de Janeiro, que organizou uma campanha de arrecadação de fundos para a construção de um monumento ao Cristo Redentor, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil, em 1922. A autorização para a obra foi concedida pelo ministro da Fazenda, Homero Baptista (1861-1924), em 1º de junho de 1922. Em setembro, foi realizada uma cerimônia no local onde o Cristo seria construído, com a presença de várias autoridades, e, em outubro, foi lançada a pedra fundamental da obra.
A escolha do projeto
Para escolher o projeto do monumento, foi realizado um concurso público, que contou com a participação de vários artistas brasileiros e estrangeiros. O vencedor foi o engenheiro brasileiro Heitor da Silva Costa (1873-1947), que propôs uma estátua do Cristo com os braços abertos, em sinal de acolhimento e bênção. Ele contou com a colaboração do escultor francês Paul Landowski, o mesmo que havia sido contratado pelos viscondes de Mauá, e do pintor brasileiro Carlos Oswald (1882-1971), que fez o desenho final da estátua.
O projeto de Heitor da Silva Costa previa uma estrutura interna de concreto armado, revestida por placas de pedra-sabão, material resistente à corrosão e à erosão. A estátua foi esculpida em partes, na França, e depois transportada para o Brasil, em navios. A montagem no alto do morro do Corcovado exigiu um grande esforço logístico, que envolveu o uso de bondinhos, guindastes e andaimes.
A inauguração do monumento
A obra do Cristo Redentor levou cerca de cinco anos para ser concluída, com um custo total de cerca de 2,5 milhões de réis, provenientes de doações de fiéis e de eventos beneficentes. A inauguração do monumento foi marcada para o dia 12 de outubro de 1931, data da festa de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.
A cerimônia de inauguração contou com a presença do presidente Getúlio Vargas, do interventor Pedro Ernesto, do cardeal dom Sebastião Leme (1882-1942), arcebispo do Rio de Janeiro, e de outras autoridades civis, militares e eclesiásticas, além de uma multidão de fiéis. Foi celebrada uma missa campal, seguida de discursos e de uma bênção solene do monumento. O físico italiano Guglielmo Marconi (1874-1937), inventor do rádio, acionou, da Itália, os refletores que iluminaram a estátua pela primeira vez.
O Cristo Redentor foi saudado como uma obra de arte, de fé e de patriotismo, que simbolizava a união dos brasileiros e a proteção divina sobre a nação. Desde então, o monumento se tornou um dos principais cartões-postais do Rio de Janeiro e do Brasil, atraindo milhões de visitantes e sendo reconhecido como uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, em 2007.
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Referências: brasilianafotografica