Nos últimos anos, o comportamento da geração Z tem causado desconforto entre muitos empresários e gestores. A recusa em aceitar empregos com salários baixos, carga horária abusiva e ambientes tóxicos virou motivo de indignação para quem ainda acredita que o colaborador deve ser grato apenas pela oportunidade de trabalhar.
Os jovens profissionais não estão dispostos a aceitar menos do que merecem. Essa postura está forçando empresas a reverem não só as ofertas salariais, mas também a forma como tratam seus funcionários.
O velho modelo de trabalho está em crise
Durante muito tempo, o modelo “quanto pior, melhor para a empresa” foi amplamente adotado: escassez de benefícios, trabalho aos fins de semana, e remuneração mínima. Hoje, esse tipo de oferta é prontamente rejeitado por candidatos da geração Z, que valorizam qualidade de vida, saúde mental e autonomia.
Empregadores acostumados a uma relação desigual de poder estão se surpreendendo com a dificuldade de preencher vagas — mesmo em áreas que, antes, recebiam centenas de currículos. A lógica do “ninguém quer mais trabalhar” virou uma queixa recorrente, mas esconde uma verdade incômoda: ninguém quer ser explorado.
Salários baixos e escalas exaustivas já não convencem
Oferecer um salário de pouco mais de um salário mínimo, com turnos de 6 dias por semana e poucas folgas, deixou de ser aceitável. Hoje, os candidatos avaliam cuidadosamente o que a empresa oferece além do pagamento: benefícios reais, plano de carreira, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e um ambiente respeitoso.
A geração Z também rejeita discursos vazios como “aqui somos uma família”. Essa frase, repetida por empregadores para disfarçar ambientes tóxicos e sobrecarga de trabalho, perdeu o efeito. A exigência agora é por transparência, dignidade e condições justas.
O desespero dos empresários virou rotina
Com a dificuldade para contratar, muitos empregadores começaram a aceitar qualquer candidato, independentemente de formação ou experiência. A frase “qualquer um que saiba ler e escrever serve” passou a ser comum, o que escancara o desespero em reverter a falta de mão de obra disposta a aceitar más condições.
Ao mesmo tempo, empresas se deparam com uma nova realidade: é necessário oferecer mais que o básico. Respeitar horários, garantir segurança, pagar salários competitivos e criar um ambiente acolhedor deixou de ser um diferencial — passou a ser o mínimo esperado.
Trabalho remoto, autonomia e valorização profissional
A internet e o crescimento do trabalho remoto criaram novas possibilidades. Muitos jovens agora preferem trabalhar de casa, com mais flexibilidade e melhor remuneração, sem abrir mão do bem-estar. Com isso, empregos presenciais com jornadas exaustivas e remuneração baixa se tornaram menos atrativos.
Esse novo cenário exige uma reformulação das práticas empresariais. A geração Z não vai voltar atrás. Ou as empresas se adaptam, ou continuarão enfrentando rotatividade e dificuldade de contratação.
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